Musculação pode ser medicação?

Fonte: Caderno VIDA (Zero Hora)
Ginástica laboral ajuda a diminuir faltas e a aumentar lucros

Cresce número de empresas que apostam nas atividades físicas e terapias. É possível contratar serviço por custo a partir de R$ 800 mensal Uma parada de pouco mais de dez minutos para que os funcionários façam exercícios de alongamento e relaxamento pode ajudar as empresas a aumentarem seus lucros. Cresce no Brasil o número de pequenas empresas que apostam nas atividades físicas e terapias como forma de melhorar a concentração e aumentar a produtividade dos colaboradores. A ginástica laboral consiste em contratar um profissional para fazer exercícios com os funcionários durante o expediente. De repente, no meio do trabalho, todos param o que estão fazendo para se esticar, mexer o pescoço, quadril, coluna e pernas. “Agora nós estamos passando por uma fase muito positiva, as empresas estão procurando prestadores de serviços mais organizados, para atender essa demanda do mercado, mas de forma organizada de forma profissional”, diz Valquíria de Lima, da Associação Brasileira de Ginástica Laboral. Baixo investimento inicial A empresária Sílvia Marques, que também é professora de educação física, entrou nesse segmento em 2007, com investimento inicial praticamente nulo. Ela montou um escritório na própria casa e usou a estrutura e o computador que já tinha. Para ela, o capital humano é primordial nessa atividade. “A gente tem que buscar os profissionais no mercado capacitados ou não. Se não estão capacitados, a gente vai capacitá-los para que possam estar atuando com qualidade dentro da empresa”, revela. O preço varia de R$ 800 a mais de R$ 10 mil por mês, conforme a quantidade de professores e o número aulas. “Os programas de ginástica laboral são contratos anuais com renovações automáticas e isso dá certa segurança, não só pra gente como empresa, mas também para o próprio contratante, para que ele tenha a noção do que está tendo de resultado, porque um contrato pequeno ele não vai conseguir ver o resultado do programa”, diz Sílvia. O professor Rodrigo Ferreira vai duas vezes por semana a uma empresa de informática fazer exercícios com a equipe de trabalho. Uma de suas funções é fazer a correção da postura dos funcionários. Ele orienta, por exemplo, as mulheres a evitarem sentar com a perna cruzada. “A gente pede também para afastar [as pernas], até pra facilitar o processo de circulação”, diz o professor. Na sequência, vêm os exercícios. A sessão dura 12 minutos e os funcionários trabalham a região do pesçoco, mãos, pernas e, principalmente, coluna. “A gente fica bastante sentado, então acaba sentindo dor sim. [Com os exercícios] melhora bastante”, diz Andrea Oliveira, uma das funcionárias da empresa. Para Álvaro Machado, outra colaborador da empresa de informática, a pessoa trabalha mais disposta. “É isso que faz a diferença.” Arteterapia Caso algum funcionário não queira ou não possa participar da ginástica laboral, a empresa de Silvia Marques também oferece a arteterapia. Trata-se de um trabalho diferente, que pode complementar a ginástica laboral ou ser feito como atividade única. “O objetivo da arteterapia é fazer com que o colaborador sinta mais auto estima. Melhora sua auto confiança, estimula a criatividade, faz com que ele realmente perceba do que é capaz e isso reverte para o trabalho dele”, explica a empresária. Depois de um rápido aquecimento, os funcionários vão trabalhar com argila e, enquanto criam formas, vão relaxando. “No começo tinha um preconceito grande com relação a perder tempo, milhões de e-mails pra responder, mas é uma ideia muito legal. Acho que o objetivo de desestressar é alcançado quando a gente faz alguma coisa do tipo”, fala o funcionário Michel Marotti. A colega Ana Lúcia Batata também é uma entusiasta da atividade. “Acaba somando com a parte de trabalho né, fica uma coisa mais legal pra gente trabalhar também”, diz. A aula de artes pós-expediente resulta em esculturas variadas e funcionários mais relaxados para o dia seguinte. A aula de arteterapia é feita duas vezes por semana e cada sessão dura 50 minutos. A empresa cobra R$ 1.200 por mês pelo serviço. Para a gerente de Recursos Humanos da empresa de informática, Denise Camargo, as aulas não podem ser consideradas despesas, mas sim investimento, com retorno garantido. Depois de um ano de ginástica e arte na empresa, as faltas diminuíram e a produtividade dos funcionários aumentou. “A empresa ganha profissionais mais felizes, mais descontraídos, com mais qualidade de vida e eu acho que o retorno é garantido”, diz Denise. NÃO DEIXE DE ASSISTIR A INTEGRA DO PROGRAMA. É SÓ CLICAR NA IMAGEM Fonte: Portal G1 – Pequenas empresas, grande negócios
Estratégia 3: Capacitação do Comitê de Ergonomia – Doze estratégias para redução do adoecimento osteomuscular relacionado o trabalho

Por Leonardo Rodrigues| Fisioteraupa do trabalho e ergonomista Dando continuidade à série de 12 estratégias para redução do adoecimento osteomuscular relacionado o trabalho com alta produtividade falaremos hoje sobre a capacitação do comitê de ergonomia (COERGO) na empresa. A comissão que faz a gestão da ergonomia na empresa recebe o nome de comitê de ergonomia (COERGO). Visando a integração dos conhecimentos entre as diversas áreas é necessário capacitar os membros e periodicamente atualizá-los. Os cursos de capacitação podem ter carga horária variada conforme a necessidade. Mesmo um experiente profissional especialista em ergonomia pode “deixar passar” alguma informação crucial sobre uma melhoria no trabalho ou algum contexto específico da atividade que está sendo avaliada. Desta forma capacitar funcionários que conheçam bem o trabalho leva a aquisição de informações preciosas sobre como as tarefas são realizadas no dia a dia e quais melhorias, muitas de baixo ou nenhum custo, podem ser feitas para melhorar o trabalho de todos e aumentar a produtividade com menor risco de adoecimento. O funcionário que participa do processo de melhoria sente-se valorizado e torna-se comumente um agente positivo no clima organizacional. Fazem parte destes grupos de COERGO funcionários dos mais variados níveis como operários da produção, médicos do trabalho, fisioterapeutas do trabalho, enfermeiros, técnicos de segurança, engenheiros de segurança, gerentes e chefes de produção. Mesmo em escritórios menores em que não haja uma gama de profissionais envolvidos com a saúde é possível ambientar o COERGO com colaboradores diretos da empresa e os resultados são sempre muito positivos. Este grupo de gestão interna da ergonomia em geral segue os padrões da qualidade da empresa como o uso de ferramentas como o PDCA (plain, do, control, and act) facilitando a auditoria dos trabalho realizado juntamente com a auditoria de qualidade da empresa.
Terapia do movimento – Treinamento funcional invade as academias

Com a promessa de um corpo saudável para enfrentar os desafios do dia a dia e banir as limitações do envelhecimento, o treinamento funcional invade as academias Esqueça os pesados aparelhos de musculação ou horas intermináveis de aulas que mais parecem uma tortura. O método do futuro, quando se fala em malhação eficaz e nada monótona, tem um nome e sobrenome: treinamento funcional. Como o termo diz, o objetivo é que o corpo mantenha sua funcionalidade. Em resumo, é preservar a capacidade de executar os movimentos do dia a dia, que vão desde sentar e levantar até alcançar um pote de biscoitos no alto da prateleira. A técnica ganhou imensa notoriedade nos últimos anos por ter sido eleita para esculpir o corpo de celebridades como Juliana Paes, Deborah Secco e Jennifer Lopez, bem como para turbinar o desempenho de atletas de alta performance, como jogadores de futebol e de tênis, nadadores e lutadores de MMA (Artes Marciais Mistas, popularizada por Anderson Silva). – Nada mais é do que tentar reproduzir a ação natural do corpo. Usamos tanto para a reabilitação quanto para o condicionamento físico – afirma Henrique Valente, um dos fisioterapeutas do Grêmio. Assim como Valente – que utiliza os princípios do treinamento funcional no time titular do Grêmio há alguns anos – um dos fisioterapeutas do Inter, Mauren Mansur, explica que a “febre” nas academias nada mais é que uma nova roupagem para a chamada cinesioterapia funcional: – É uma terapia que promove, através dos movimentos naturais do corpo, agilidade, potência, coordenação e estabilidade da parte central do corpo, garantindo maior eficiência neuromuscular. Enquanto os exercícios localizados, como a musculação, estimulam os músculos de forma isolada, no modelo funcional o treino é dinamizado com a ajuda de aparelhos simples, como bolas, elásticos, pesos e pranchas. O educador físico Christian Krause (que aparece na capa deste caderno), da academia Porto do Corpo, na Capital, diz que um dos grandes benefícios é o ganho de consciência corporal: – Os resultados vão de maior força e equilíbrio à propriocepção, que é a percepção do próprio corpo, incluindo a consciência da postura, do movimento, das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio. Também é possível gastar energia – e muita energia – em uma das aulas, que duram de 45 a 60 minutos. O valor médio da mensalidade gira em torno de R$ 180, com aulas duas vezes por semana. Dependendo do nível de treinamento e intensidade, são queimadas de 400 a 800 calorias. A advogada Luciana Minuzzi, 34 anos, diz que, desde que começou a fazer as aulas, há um ano, conseguiu “secar” oito quilos, além de se livrar de uma lombalgia (dor na região lombar): – O melhor foi que substituí gordura por músculos. Sinto uma enorme diferença no meu corpo, em todos os sentidos – diz ela. Ávido praticante de esportes, o autônomo Luciano Di Concilio, 37 anos, diz que o treinamento lhe deu maior potência para surfar e nadar, por exemplo. – A musculatura melhora como um todo. Além de ser bem menos monótono – avalia. Uma opção que se encaixa em todos os perfis e idades A personal trainer Márcia Refinski, da academia MR Fitness, em Porto Alegre, garante que qualquer pessoa, em qualquer idade e perfil, está apta para se beneficiar deste tipo de treinamento: – O programa apenas precisa ser ajustado para cada condição física. E, é claro, é preciso de regularidade: no mínimo duas vezes por semana, fazendo parte da rotina de exercícios. Defendo que ele não substitui a musculação, e sim complementa. Um dos instrutores da academia Cia. Athletica de Porto Alegre, Gabriel Azambuja, afirma que a região central do corpo (chamada de core, composta por 29 músculos que sustentam o complexo quadril-pélvico-lombar) é a mais trabalhada: – Tudo se baseia no fortalecimento desta estrutura, que é o centro de produção de força e da geração de estabilidade, além da manutenção do alinhamento postural – afirma o professor. A fisioterapeuta Cláudia Joffre, do Vitta Exercício e Clínica de Saúde, lembra de outro benefício: – Para a correção de vícios posturais, é excelente. Como exige um trabalho de concentração maior, ativa mais áreas do sistema nervoso central. Além de tudo, é bom para a mente. Fonte: Zero Hora (Caderno VIDA de 06.10)
Corrida de rua – Uma modalidade que cresce a passos largos e ajuda as pessoas a sairem do sedentarismo
Um estilo de vida saudável, que inclui alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, é capaz de prevenir doenças hipocinéticas (causada pela falta de movimento corporal), manter o corpo em forma e fornecer aptidão para as atividades do dia a dia. Assim, a prática de exercícios auxilia tanto na redução do colesterol, da hipertensão, da obesidade, como melhora a flexibilidade, a força muscular e a autonomia, diminuindo a ocorrência de problemas osteomusculares. Na atualidade encontramos inúmeras alternativas para fugirmos do sedentarismo. Destacamos a corrida de rua, modalidade que vem crescendo no número de adeptos e provas por todo país (no Brasil são mais de 600 provas por ano). Para confirmar isto, basta percorrer as ruas e parques da cidade. Estima-se hoje que, no Brasil, sejam mais de quatro milhões de pessoas correndo – nos Estados Unidos esse número sobe para cerca de 40 milhões de adeptos ao esporte, sendo caracterizado como o “país da corrida de rua”. O crescente interesse por esta modalidade esportiva vem fazendo com que o mercado esteja mais atento a este público. Observa-se o aumento no número de assessorias esportivas especializadas em corrida de rua e um comércio voltado à confecção de produtos esportivos com tecnologias direcionadas ao corredor. A receita gerada pelo esporte vem crescendo cerca de 30% ao ano. Possivelmente este fato também se deva a mudanças no perfil dos praticantes de corrida de rua: o que antigamente era considerado um esporte das classes de baixo poder aquisitivo, passou a ser hoje uma opção de classes mais privilegiadas. O aumento da participação de brasileiros em provas internacionais e a crescente atenção que empresas de turismo têm dado à grupos de corredores evidenciam a expansão desse mercado. Ainda assim, para os menos ambiciosos, a corrida de rua é um esporte de baixo custo. Além disso, independe de habilidades específicas (correr é da natureza do ser humano) e propicia todos os benefícios – físicos, psicológicos e sociais – da prática de exercício regular. Possivelmente essas sejam algumas das justificativas para essa procura crescente. O desejo por participar de provas é inerente à prática. Para iniciantes, um período curto de treinamento já é suficiente para que sejam completados os percursos de 5Km. Já as provas de 10Km destinam-se aos corredores de nível intermediário. Os mais ousados e com mais experiência de provas e treinos podem percorrer distâncias que variam entre 10km e ultramaratonas. Independente da ambição individual, a corrida também é atraente por possibilitar a autossuperação e a prática nos mais diversos locais e horários, ou seja, você pode conhecer sua cidade correndo. Experimente, vale a pena! Autor: Fábio Santos – Professor da equipe Health Care e Sócio da Assessoria Esportiva Life Team runners (www.lifeteam.com.br)
Estratégia 2: Laudo Ergonômico – 12 estratégias para redução do adoecimento osteomuscular relacionado o trabalho

Dando continuidade a série de 12 estratégias para redução do adoecimento osteomuscular relacionado o trabalho com alta produtividade falaremos hoje sobre o Laudo Ergonômico na empresa. O laudo ergonômico avalia as condições organizacionais do trabalho (pressão por metas, organização das atividades, frustração com metas divergentes, entre outros), as condições ambientais (temperatura, vento, luminosidade, ruído e umidade do ar) e as condições físicas do posto de trabalho (biomecânica corporal envolvida no desempenho da tarefa, postura, dimensionamento dos equipamentos e mobiliários, entre outros). Esta avaliação é o primeiro passo para a gestão ergonômica que foi a primeira estratégia apresentada nesta série. O laudo ergonômico tem por objetivo cumprir a legislação, em especial a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) n° 17 (conhecida apenas como NR 17) que exige que todas as empresas devem possuir estudo ergonômico. O laudo faz a mensuração do risco ergonômico envolvido em cada atividade desenvolvida no trabalho e sugere melhorias. Este controle permite desenvolver planejamento preventivo reduzindo o adoecimento, em especial os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – DORT, e habilitando informações para defesa perante o nexo técnico epidemiológico (NETEP – INSS). Para quem ainda não está familiarizado com o NETEP este é um indicador usado pelo INSS, que relaciona o código de atividade econômica da empresa (CNAE) e o CID (código de classificação internacional da doença). Se a relação entre a atividade da empresa e a doença já estiver descrita no NETEP a classificação do afastamento do funcionário passa a ser acidentário e isto pode gerar uma série de custos e responsabilidades para a empresa, pois esta passa a ser responsabilizada pelo adoecimento do funcionário. Após esta classificação feita pelo INSS a empresa possui um prazo para se defender e provar que não foi sua responsabilidade o adoecimento do funcionário e neste ponto o laudo ergonômico e a gestão ergonômica (estratégia 1) são fundamentais nesta defesa.
Doze estratégias para redução do adoecimento osteomuscular na empresa – Estratégia 01 – Gestão de Ergonomia
Por Leonardo Rodrigues| Fisioteraupa do trabalho e ergonomista Nos próximos posts, apresentaremos as 12 estratégias para redução do adoecimento osteomuscular na empresa relacionadas por Leonardo Rodrigues. Iniciamos com a GESTÃO DE ERGONOMIA na empresa e no ambiente de trabalho. A gestão ergonômica na empresa visa padronizar e documentar o programa de ergonomia. Nesta visão o especialista em ergonomia participa da gestão do COERGO (comitê de ergonomia), das discussões sobre as melhorias, a implementação das mesmas e validação dos resultados obtidos. A empresa, os funcionários e o consultor especializado desenvolvem uma cultura de médio e longo prazo dentro da instituição tornando o trabalho conhecido, estudado e adaptado e com isto habilitando o desempenho de alto nível produtivo dentro das possibilidades de cada um com diminuto risco de adoecimento do individuo. Mas afinal o que é ergonomia? A origem da palavra vem de ERGOS (trabalho) e NOMOS (estuda das regras e normas). Ergonomia (ou Fatores Humanos como também é conhecida) é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. Os praticantes da Ergonomia, Ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas para torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. De modo bem popular costuma-se dizer que ergonomia é adaptar o trabalho às pessoas de forma que elas possam desempenhá-lo de forma confortável e produtiva.
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O que inatividade física tem a ver com as empresas?

pesquisas que demonstraram que, em três anos, nas academias cariocas, 83% dos frequentadores diminuíram a dosagem do medicamento, 41% a frequência ao dia e 7% não precisam mais ser medicados Por Alberto Ogata A revista Lancet publicou em julho, um estudo global bastante importante que analisou o impacto no adoecimento relacionado a doenças crônicas e na expectativa de vida relacionada à inatividade física (Lancet 380:219-229, 2012).Os autores lembram que os médicos na Antiguidade, incluindo os da China em2600 ACe Hipócrates (no ano 400) acreditavam no valor da atividade física (AF) para a saúde. No entanto, no século XX, surgiu uma visão diametralmente oposta: o exercício é perigoso. No início deste século, se prescrevia repouso completo para pacientes com infarto agudo do miocárdio e havia estudos para analisar os perigos da atividade física em comparação com a atividade intelectual. A partir dos estudos de Jerry Morris (1953) surgiram muitas evidências que documentaram os inúmeros benefícios da atividade física. Desde então se comprovou que a atividade física leva a redução nos índices de doença coronariana, hipertensão arterial, AVC, diabete tipo 2, câncer de mama e cólon, depressão e quedas. Em todo o mundo, estimou-se que a inatividade física causa de 6 a 10% das principais DCNT (doença coronariana, diabete tipo 2, câncer de cólon e mama). Além disso, este comportamento não saudável causa 9% da mortalidade prematura ou mais que 5,3 dos 57 milhões de mortes em 2008. Com a eliminação da inatividade física a expectativa de vida da população mundial deve aumentar em 0,68 anos. Estes achados tornam a inatividade física similar aos fatores de risco bem estabelecidos – tabagismo e obesidade. Apesar disso, uma grande proporção da população permanece fisicamente inativa. Para quantificar o efeito da inatividade física nas DCNT, foi estimado o quanto estas doenças podem ser evitadas na população se as pessoas inativas se tornarem ativas, bem como quanto de expectativa de vida pode ser aumentado a nível populacional. O estudo demonstrou que o Brasil seria um dos países com maior impacto no aumento da expectativa de vida associado à abordagem da inatividade física, com redução de 8 a 14% na prevalência de doença coronariana, diabete tipo 2 e câncer do cólon e mama. Em artigo publicado no dia 29 de julho na Seção de Opinião do jornal Folha de São Paulo, matéria assinada pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha reforça a importância da atividade física para a saúde das pessoas. O ministro destaca que o governo federal tem investido no Programa “Academia da Cidade” e prevê a instalação de 4.000 unidades até 2014. Cita pesquisas que demonstraram que, em três anos, nas academias cariocas, 83% dos frequentadores diminuíram a dosagem do medicamento, 41% a frequência ao dia e 7% não precisam mais ser medicados. Outros fatores que aumentam o risco cardíaco também sofreram drásticas quedas: 88% dos praticantes diminuíram o peso corporal, 62% o IMC e 84% a circunferência abdominal. Ressalta, finalmente dos dados do estudo VIGITEL em que se constatou redução da inatividade entre os homens, de 16% para 14,1%, uma redução de 0,7% ao ano. No âmbito da saúde corporativa, constata-se que além dos baixos indicadores de atividade física temos a questão das pessoas que ficam muitas horas sentadas em seus postos de trabalho. Os impactos deste comportamento são bem conhecidos e se constituem em risco isolado importante para doenças crônicas. Provavelmente abordagens como as do Programa Academia da Cidade, concebidos para envolver toda a comunidade têm impacto limitado para as ações no ambiente de trabalho. Deste modo, acredito que há dois desafios principais neste contexto: Os gestores de saúde nas empresas precisam utilizar estratégias específicas para o ambiente de trabalho envolvendo abordagens individuais, no ambiente e nas políticas corporativas. Neste contexto, devemos utilizar as técnicas de aconselhamento(coaching), economia comportamental e incentivos. As empresas precisam ter uma ação mais proativa de “advocacy” para que o ambiente de trabalho possa ser considerado um espaço importante no planejamento de políticas públicas para a promoção da saúde, a exemplo do que acontece em outros países.
Estratégias contra o sedentarismo – Muito da obesidade começa nas escolas
Gaúcho que coordenou estudo sobre prática de atividade física analisa a repercussão de sua pesquisa, disseminada no mundo todo Pedro Hallal, pesquisador Zero Hora – A pesquisa divulgada na revista médica The Lancet percorreu o mundo, através de centenas de publicações. Ao que o senhor atribui essa grande repercussão? Pedro Hallal – A grande repercussão mundial dessa pesquisa foi a comparação dos efeitos do sedentarismo com os do tabagismo. Tanto que no mesmo dia em que foi lançada, a Associação de Oncologia da Inglaterra fez um comunicado dizendo que as pessoas não interpretassem errado, pensando que poderiam fumar, porque não, fumar continua sendo o maior fator de risco para câncer no mundo. Porém, para nós, cientistas, foi a quantidade de adolescentes sedentários que mais assustou: 80% no mundo não praticam atividade física, entre os adultos o percentual é de 30%. Não esperávamos um número tão alto. ZH – Por que os adolescentes estão sedentários? Hallal – Muito do sedentarismo ocorre em função de educação física escolar, que é péssima. No Rio Grande do Sul, por exemplo, algumas escolas sequer têm professor da área da primeira à quarta série. No Ensino Médio, principalmente em escolas particulares, os adolescentes são estimulados a não participar das aulas de Educação Física para dedicar mais tempo de estudo ao vestibular. Temos pesquisas suficientes para afirmar que para aumentar o nível de atividade física da população, especialmente na adolescência, deve-se haver intervenção nas aulas escolares. ZH – Somente a obrigatoriedade das aulas de Educação Física já seria suficiente para diminuir esse índice? Hallal – A obrigatoriedade de três aulas semanais seria o ideal. Falo de uma aula de verdade, com progressão de conteúdo, com tempo para a prática do esporte, mas também com um conteúdo dedicado à saúde: como ensinar aos alunos como controlar a frequência cardíaca, quais os exercícios são indicados para cada situação, com atividades práticas, mostrando benefícios a curto prazo – faz um programa de duas a três semanas e mostra para os alunos o que aconteceu com a pressão arterial e outros indicadores. ZH – A pesquisa mostra que a tecnologia pode ser usada em benefício à prática da atividade física. De que forma? Hallal – Nós temos que ter estratégias de promoção da atividade física que usem a tecnologia, faz parte da vida moderna e atinge milhares de jovens do mundo todo. O videogame, que sempre foi visto como um vilão à saúde de crianças e adolescentes, na verdade é um incentivador para a prática do exercício. Temos evidências de que jovens adeptos dos jogos eletrônicos praticam mais atividade física e esportes fora de casa. E foi essa aproximação do vídeo game com o esporte que fez surgir os equipamentos ativos, como o Wii, que executa até funções de monitoramento da saúde do jogador. ZH – O que é pior para a saúde, um adolescente sedentário ou com excesso de peso? Hallal – Um dos achados de pesquisas mais intrigantes dos últimos anos é a teoria do fatten fit, que traduzindo para o português seria o gordo apto fisicamente. Uma pessoa um pouco gordinha, mas que faz exercício físico, tem uma saúde bem melhor que uma pessoa magrinha que não pratica atividade física. E isso serve para os adultos também, que resolveriam o problema da inatividade com uma simples mudança de hábito. Pode começar aos poucos: vai a pé para o trabalho, mas volta de ônibus; depois de uma semana, 15 dias, começa a ir e voltar a pé; depois caminha um pouco mais rápido. Já faz uma grande diferença e, além disso, estimula atividades em níveis mais intensos. ZH – E o setor da saúde, pode contribuir no combate ao sedentarismo? Hallal – Nos postos de saúde, que é onde a maioria da população consulta, recomendar a prática da atividade física deveria fazer parte da rotina. Os exercícios reduzem muito a necessidade de medicamento para pessoas com hipertensão e diabetes. Existem muitos casos de pessoas em estado de pré-diabetes que começam a se exercitar e não precisam usar remédio, além de diminuir muito o risco de virar diabético. O Brasil – um país que está tentando liberar remédio de graça para todo mundo que tem as duas doenças – deveria oferecer atividade física de graça para a população, investindo em espaço físico e academias populares. Certamente se gastaria menos com medicamentos. ZH – Existe previsão para um novo grande estudo nessa área? Hallal – Existem vários estudos de ponta na área de atividade física. O principal deles vai começar em 2014, vamos identificar as gestantes de Pelotas com parto previsto para 2015. Depois, vamos monitorar todos os nascimentos da cidade, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2015. Esperamos ter entre 4 mil nascimentos. Essas crianças serão acompanhadas para o resto da vida, o que garantirá respostas científicas que nós ainda não temos e que ajudarão na formulação de políticas públicas e na melhoria da qualidade de vida da população brasileira.