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Estilo de vida e medidas anti-envelheciemento

ENTREVISTA DA VEJA COM CIRURGIÃO CARDÍACO TURCO e CIDADÃO AMERICANO DR. MEHMET OZ – São  Paulo – 04.12.2007 A especialidade do cirurgião cardíaco turco e cidadão americano Mehmet Oz, de 47 anos, é retardar ao máximo os efeitos da idade em seus pacientes.  Diretor do Programa de Medicina Integrada da Universidade Colúmbia, em Nova  York, ele é consultor da famosa clínica antienvelhecimento do médico Michael  Roizen, criador do conceito de que é possível manter o organismo mais jovem  do que aponta a idade cronológica. Oz e Roizen também assinam a quatro mãos uma série de livros de sucesso que ensinam como manter um estilo de vida que  adia a velhice. O mais recente deles, You Staying Young (Você Sempre  Jovem), lançado há um mês nos Estados Unidos, já vendeu meio milhão de  exemplares. Nos últimos quatro anos, Oz se tornou uma celebridade ao  participar de um quadro fixo no programa de TV da apresentadora Oprah  Winfrey. Ele também apresenta documentários no Discovery Channel. Nos dois  casos, dá dicas aos telespectadores sobre como viver mais com boa saúde. Esse é justamente o tema da entrevista que ele deu a VEJA. Veja – Existe uma fórmula para se manter jovem por mais tempo? Oz – Sim. Há catorze agentes principais envolvidos no  envelhecimento. Sete retardam o processo, como os antioxidantes, e sete nos enfraquecem, como a atrofia muscular. É preciso manter esses agentes sob controle. O primeiro passo para alcançar esse objetivo é pensar não na possibilidade de ficar doente, mas na necessidade de manter o organismo  saudável. Deve-se tirar o foco da prevenção dos males e direcioná-lo para a  preservação da saúde. Se ninguém mais morresse de câncer e de doenças cardiovasculares, a expectativa de vida média do ser humano subiria apenas  nove anos. Isso mostra que, para aumentar consideravelmente a expectativa de  vida, não basta evitar doenças. É preciso cuidar do corpo para que ele não  enfraqueça. Quando uma pessoa envelhece, doenças potencialmente fatais, como  o câncer e o infarto, não aparecem de imediato. Antes que elas se instalem,  o corpo torna-se mais frágil e vulnerável. Veja – O que fazer para evitar que o corpo se torne frágil e  vulnerável? Oz – Meu novo livro, You Staying Young (Você Sempre Jovem, ainda sem previsão de lançamento no Brasil), trata exatamente desse tema. Os exercícios físicos são uma ferramenta essencial. Eles combatem o primeiro  sinal do envelhecimento, que é a perda de força muscular. Outros recursos  importantes são alimentar-se bem e meditar. Uma boa recomendação é a prática  do tai chi chuan, exercício oriental que combina equilíbrio, coordenação  motora e também meditação. Se todos adotassem essas medidas, a vida média da  população poderia subir para 110 anos. Quanto à alimentação, não podem  faltar nutrientes como o resveratrol da uva e o licopeno do tomate, que são poderosos antioxidantes. O principal, mas também o mais difícil, é controlar  a quantidade dos alimentos. De qualquer forma, todo mundo deve comer um  pouco menos do que tem vontade. Veja – Fazer várias pequenas refeições por dia, como recomendam alguns  médicos, faz bem para a saúde? Oz – Deve-se comer de três em três horas. Se o intervalo é maior, a taxa de hormônio grelina, que estimula a fome, começa a subir. O problema é  que, após uma refeição, ainda demora trinta minutos para que a taxa desse  hormônio volte a baixar. Em conseqüência disso, acaba-se comendo mais do que  se deveria. O mais importante, além de comer alguma coisa a cada três horas,  é trocar as refeições grandes por pequenas, intercaladas por lanchinhos.  Esse conceito não foi criado por mim. É o que mostram as pesquisas  científicas. Veja – O que o senhor considera refeições grandes e pequenas? Oz – Uma refeição grande ultrapassa 1 000 calorias. Uma pequena tem, no máximo, 500. Quem consome por volta de 2 000 calorias diárias pode fazer  duas refeições de 300 calorias cada uma e outra maior, de até 800. Os  lanchinhos podem ter até 250 calorias. Veja – O que deve ficar de fora do cardápio? Oz – Existe uma regrinha fácil de ser usada, a regra dos cinco. Para isso, é preciso examinar o rótulo dos alimentos. Cinco ingredientes não podem estar entre os primeiros listados no rótulo. São eles: gorduras saturadas, gorduras trans, açúcar simples, açúcar invertido e farinha de trigo enriquecida. Dois desses nutrientes são gorduras, dois são açúcares.  Os dois tipos de gordura podem estimular processos inflamatórios no fígado  que forçam a produção de substâncias deletérias, como o colesterol. Também  fazem com que o fígado fique menos sensível à insulina, aumentando o risco  de diabetes. Os açúcares listados fazem mal por estimular a produção de  insulina, o que aumenta o depósito de gordura corporal. O pior é que esses  cinco itens são os mais comuns nas dietas atuais. Veja – O  cardápio básico do brasileiro, composto de arroz, feijão, carne e salada, é  saudável? Oz – A princípio, sim. Esse cardápio contém exatamente os nutrientes para os quais a digestão humana está preparada. Mas os brasileiros comem  carnes muito gordas, o que é errado.. Antigamente, no mundo inteiro, quando  os métodos de criação do gado eram mais simples, a porcentagem de gordura  dos melhores cortes da carne bovina era, em média, de 4%. Hoje é de 30%.  Outro problema dos hábitos alimentares do brasileiro é que ele come arroz em  excesso, o que não traz nenhum benefício. Melhor seria adotar o arroz  integral. Os alimentos integrais têm mais fibras, o que os mantém mais tempo  no intestino e diminui a absorção de açúcar pelo organismo. Uma vantagem dos  brasileiros é ter à disposição enorme variedade de frutas e vegetais  maravilhosos, por preço razoável. Veja – Os hábitos que o senhor propõe para prolongar a vida são relativamente simples, mas exigem controle estrito sobre as atividades do  dia-a-dia. Como exercer esse controle? Oz – A palavra-chave é automatizar. Ou seja, fazer desses hábitos uma rotina, sem precisar pensar muito neles. Acordar, escovar os dentes e passar o fio dental, para reduzir